quinta-feira, 17 de junho de 2010

UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE - UNIVILLE
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
História Medieval
Professora Janine Gomes da Silva
Andrio Esser, Fernando Koenig, Graziele Rebello, Gustavo Grein

O Império Carolíngio

O filho de Carlos Martel, Pepino o Breve tornou-se prefeito do palácio e continuou ampliando a transferência de poder que começou com seu pai: em 751, aprisionou o último rei dos Merovíngios Childerico III e com o apoio da igreja católica proclamou-se rei o novo rei dos francos. A igreja por intermédio do papa Zacarias, legitimou esse golpe de estado.
Esta aliança entre o papa e a dinastia carolíngia interessava ambas as partes, pois ao papado era oferecido um amplo esquema de proteção militar contra os lombardos e os bizantinos. E aos francos esta aliança oferecia grande perspectiva para sua atuação política, legitimando suas ações. Uma das medidas de Pepino foi a organização de luta contra os lombardos, vitorioso, entregou as terras conquistadas ao bispo de Roma constituindo-se assim os estados da igreja. Após a morte de Pepino o reino dividiu-se entre seus filhos Carlomano e Carlos Magno, após a morte de Carlomano, Carlos Magno passou a governar sozinho. Seu reinado foi longo e com muitas realizações, através de campanhas militares expandiu os limites do império e trouxe certa prosperidade a população.
O papado interessado na construção de um império capaz de proteger os ideis cristãos e permitir a expansão da igreja através da conversão, no Natal de 800 o papa Leão III consagra Carlos Magno imperador.
Carlos Magno deu o impulso inicial para o florescimento cultural da nação franca, que já se via há muito tempo atrasada em relação ao Império Bizantino e demais regiões como Espanha e Bagdá. O renascimento carolíngio, por muitos historiadores fora considerado a primeira manifestação culturas de valor após a queda do império Romano do ocidente, no entanto, tal renascimento não foi uma coisa espontânea, segundo José Roberto Mello:



Estudos atuais vieram a demonstrar não ter sido esse fenômeno tão isolado como se pensava. A tradição clássica não morrera abruptamente. Sofreu alterações na qualidade, mas permaneceu viva, mormente em determinadas regiões que conservaram o povoamento romano, onde a velha aristocracia senatorial tardou mais a desaparecer, isto é, no sul da Gália, na Espanha e na Itália. Cidades como Marselha, Arles, Avignon mantiveram até o século VII suas escolas de retórica.

Podemos perceber então, que o fenômeno não surgiu do nada, ainda havia muitas áreas de onde predominava certa resistência cultural, teria surgido então do substrato culturas, principalmente romano.
Já sabemos que o principal meio para se consolidar o império Carolíngio foi à religião, e a difusão cultural não se deu de maneira diferente. Uma das principais obras do renascimento foi à criação de escolas, destinadas a todas as camadas da população, estas foram o principal motor do renascimento artístico do período. O crescimento do cristianismo, veemente apoiado pelo imperador e sua missão de governante: “a correta preparação do povo de Deus, confinado à sua guarda, para salvação eterna .” Os clérigos deveriam ser os detentores da ordem. Uma das formas adotadas por Carlos Magno para fortalecer o cristianismo foi à padronização das igrejas, subordinou todas as igrejas existentes á uma única igreja publica. Com a disseminação do cristianismo, os centros culturais não eram mais as escolas de retórica, passaram a ser os mosteiros, catedrais e paróquias, além do Palácio, que detinha a escola mais celebre dentre todas.
Conforme Sonia Regina de Mendonça, o renascimento se dividiu em duas fases, na primeira delas predominava a presença estrangeira, que Carlos Magno foi buscar nas vizinhanças os indivíduos necessários para formarem o embrião deste renascimento. Trouxe convidados das regiões onde se encontravam os centros culturais mais significativos, Itália, Inglaterra e Espanha. Essa busca foi necessária, pois o povo franco não dispunha pessoal qualificado. Já a segunda fase é formada por intelectuais francos, discípulos dos primeiros estrangeiros, nesta fase multiplicam-se os centros culturais.
O renascimento carolíngio atingiu o seu auge após a morte de Carlos Magno, em 814. O império passou a ser governado por seu filho Luis, o Piedoso, que governou até sua morte em 840, até então conseguiu manter o império unificado, no entanto muito enfraquecido. O reinado de Luis, o Piedoso, foi considerado até algum tempo atrás como o inicio da decadência do império carolíngio, o rei voltava-se mais para a religião do que para o governo, enquanto seus filhos se digladiavam pela repartição da herança paterna. Luis divide sua herança com seus três filhos: Lotário, Pepino e Luis, o Germânico. Pepino ficou com a região da Aquitânia, Luis com a Baviera e atribuindo a coroa imperial ao filho mais velho ao filho mais velho, Lotario, este ficando como uma espécie de suserano sobre os irmãos.
Tempo depois, o tratado de Verdun dividiu o império em três porções com sentido norte-sul, que mais tarde viriam a ser a França. Alemanha e Itália que conhecemos. Carlos, o Calvo ficou com a região da França, Luis, o Germânico com a Alemanha e Lotario com a Itália.
Diante da estagnação demográfica que desequilibrava a relação entre a mão de obra disponível e a necessária, Carlos Magno fragmentou o império em várias regiões administrativas, onde os condes eram responsáveis pela cobrança de tributos e aplicação das leis. Com a fragmentação se fazia necessária mão de obra para o aumento da produção. A escravidão não se encaixava nesse sistema porque em tempos de menor volume de trabalho, o senhor tinha gastos para alimentar e manter a vigilância, a solução foi colocar os escravos em um manso, que compreendia parte das terras do senhor para trabalho dos camponeses e assim os escravos tiravam sustento da própria terra, podiam aumentar em números e ainda continuariam submissos ao senhor.
Homens livres eram os francos e os colonos, os francos eram os cidadãos livres que gozavam dos direitos e deveres e podiam ser ouvidos nos tribunais, eram proprietários de terras e pagavam menos tributos que os colonos, o novo sistema aumentou a produção criando centros especializados em diversos gêneros, o excedente dessa produção era destinado ao senhor e parte era comercializada com outros centros, surgindo assim entrepostos comerciais juntos aos rios mais importantes e comerciantes especializados em determinados produtos. Outro fator importante foi a reforma monetária feita por Carlos Magno, a libra, moeda romana de grande valor foi fracionada em valores menores favorecendo o grande e o pequeno comércio.
Com o comércio a nobreza legitimava seu status, pois os mercadores traziam finas especiarias do oriente, prataria e outros objetos símbolos de poder e prestigio, um nobre se diferenciava pelas roupas e jóias que usava e armas que portava, atividades como a caça eram também nobres pois eram usadas armas, contrário a pesca tida como pejorativa. Multas eram aplicadas a ladrões de animais que tinham de pagar em soldos, valor monetário. Em soldos e em valores também elevados eram as penas a quem ousasse investir em uma moça sem ter um compromisso firmado, multas eram aplicadas em valores diferenciados para homem que tocasse a mão, cotovelo ou os seios de uma mulher, por trás de todas as multas havia a tentativa de preservar a mulher em seu caráter virginal para o casamento.


Referencia Básica:
MENDONÇA, Sonia Regina de. O Mundo Carolíngio. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.


Referencias Complementares:
ARIES, Philippe e DUBY, Georges (Dir.). História da vida privada. Do Império Romano ao ano mil. V. I. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
MELLO, José Roberto. O império de Carlos Magno. São Paulo: Ática, 1990. 80 p.

Um comentário:

  1. Parabéns pela iniciativa!
    Agora é só repassar a senha para os demais acadêmicos porderem postar suas contribuições.
    Abs,
    Profa. Adriane
    MEHI

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